Poliomielite

O Holocausto Silencioso no Brasil

Por Cássyo Rodrigues M. M.

Código do livro: 163777

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Direito, Terapias Alternativas, Medicina, Saúde E Fitness, Doenças

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Sinopse

Do grego, pólio (cinzento) e mielite (inflamação da medula). Nem sempre a substância cinzenta medular é a mais comprometida. Esta doença dizimou e dizima a humanidade desde sua primeira aparição que pode ser observada através do Faraó Siptah (1187 a.C.).

O início do surto epidemiológico no Brasil e no mundo, evolução dos tratamentos disponíveis (até a idade contemporânea), aparatos, terapias alternativas, fisioterapias (destaque ao método Kenny), imunização placebo, cirurgias em série como a extração das amídalas e exposição à polioencefalite são alguns dos assuntos abordados.

Paralisia... infantil? Para responder esta questão temos Franklin Delano Roosevelt (1882-1945). A família passava férias de verão em Campobello, na costa escarpada atlântico-canadense. Aos 10 de agosto de 1921, aos 39 anos — esgotado após dia atribulado, correu quilômetros antes de mergulhar nas águas gélidas da baía Fundy, sendo diagnosticado com poliomielite, atestado por um médico especialista de Boston.

A cama oscilante, pulmão de aço (instrumento de ressurreição da época) a precariedade e fragilidade no saneamento básico (como até hoje perdura onde há circulação do sorotipo selvagem) são pontos cruciais deste livro em uma escala de evolução e projeção em um futuro em longo prazo.

Hodierna, a biossegurança vinculada à tecnologia da informação propõe controle efetivo sobre as paralisias flácidas agudas. Quando há notificação de suspeita (similaridade) e confirmação de diagnóstico, seja poliomielite por exposição ao vírus ou vacinal (reação) esta informação passa a ser armazenada e disponibilizada em prontuário eletrônico multidisciplinar (que não existia anteriormente), ferramenta a qual possibilita mapear tanto os casos já existentes como possíveis novos casos.

De lá para cá, a situação mudou no quesito “prevenção” para novos casos, mas ainda assim, a poliomielite no Brasil é tida como “erradicada”, invés de “controlada”. Em 1994, o Brasil recebeu da OPAS/OMS um Certificado da Erradicação da Transmissão Autóctone do Poliovírus Selvagem, sendo também essa disciplina (devido a ser erradicada) excluída da grade curricular das Faculdades de Medicina.

Em 24 de junho de 2014 o poliovírus selvagem foi encontrado na rede coletora de esgotos do aeroporto de Viracopos (Campinas/SP), sendo divulgado pela própria OPAS/OMS, fragilizando o certificado de erradicação emitido em 1994.

Em países onde há circulação do poliovírus, órgãos, entidades assistenciais e do gênero posicionam-se de forma ambígua sobre fatores impeditivos em relação às campanhas de imunização sob dois eixos temáticos: o primeiro a religião e o segundo política.

A persistência da circulação do poliovírus não pode ser unicamente realizada através da imunização. Em alguns países do Continente Africano e Asiático os quais são tidos como focos principais de disseminação. Ressalta-se que a questão da ausência ou ineficácia do sistema de saneamento básico, frisando que o poliovírus predomina e permanece onde não há medidas sanitárias preventivas as quais neutralizam e previnem o surgimento de diversas patologias.

O tratamento e abastecimento d”água, coleta e tratamento de esgotos contribuem para reduzir a transmissão por esse contingente, “fechando o cerco” contra a poliomielite através das vacinas Salk e Sabin, as quais possibilitam a criação da “memória imunitária”, que corresponde à defesa do organismo contra agentes patogênicos. Esse sistema é composto por uma gama de substâncias e células, entre elas as células de memória, que desempenham o papel de armazenar durante vários anos ou pelo resto da vida a capacidade de identificar partículas infecciosas, com os quais o organismo já esteve em contato.

Síndrome Pós-Poliomielite (SPP)

Porém, após intervalo de 30-40 anos, 25% a 40% das pessoas que contraíram a doença, na infância, reapresentam sofrimentos comparáveis à distanciada fase aguda de outrora: dores musculares, fraqueza, novas paralisias, mas sem participação do vírus, afastada, portanto, a possibilidade de transmissão. A modalidade atual de queixas, retroativas, é a “síndrome pós-pólio”.

Diante da ressurgência da questão e de saúde coletiva a SPP é uma doença DEGENERATIVA, sendo interpretada como nova doença ou efeitos tardios da poliomielite (recidiva).

Algumas pessoas desenvolveram um comprometimento motor, que é a atrofia de certos músculos, afetados pela poliomielite. Para alguns foi uma alteração pequena, outros tiveram uma alteração maior ou muito severa.

A poliomielite foi responsável pela implantação do curso de fisioterapia no Brasil (antes os fisioterapeutas eram apenas técnicos massoterapeutas – ou massagistas) e principalmente pela implantação dos sistemas de reabilitação (como AACD, ABBR, Casa da Esperança de Santos/SP, etc.)

Com a reabilitação surgiram as cirurgias corretivas destinada às correções apontadas pelos médicos ortopedistas às crianças que resistiram (sobreviveram) ao vírus da poliomielite, sendo realizadas de uma a vinte cirurgias, as quais muitas destas sem uma perspectiva positiva sobre a total independência no quesito deambulação.

Os pacientes vitimados pela poliomielite foram criados e treinados para serem os melhores e principalmente suplantarem quaisquer obstáculos, prosseguindo em seu cotidiano e jornada da vida, ou seja, estudar, trabalhar, constituir família e conformar-se com a sequela(s) e estigmatização.

A SPP consiste na atonia muscular agravada por overuse¹ (exaustivos processos de desnervação/reinervação muscular – perda do axônio motor ou motoneurônio) sendo iniciada após sequela motora tida como estabilizada.

A instabilidade da SPP é alarmante porque é progressiva, sendo desconhecido seu grau de complicações ou agravamento.

No ano de 2009 a Organização Mundial da Saúde (OMS/OPAS) reconheceu a SPP como diagnóstico sob o CID-10 G14, a qual reforça e confirma sobre o aspecto e existência dos efeitos tardios da sequela de poliomielite que antes era interpretada como “estabilizada”.

Aspecto jurídico (previdenciário)

Um dos destaques é a questão previdenciária e indenizatória aos sequelados/vitimados pela poliomielite em âmbito nacional, equiparando-se aos vitimados pela talidomida (Lei 7.070/82).

A Previdência Social (Instituto Nacional do Seguro Social - INSS) em seu departamento de perícias médicas de que os danos acarretados pela poliomielite eram estáveis e não evoluíam e se o contribuinte (segurado) conseguiu manter vínculo empregatício até a idade contemporânea estaria apto a esperar pela aposentadoria por tempo de serviço/contribuição como qualquer outro segurado.

Diante do surgimento do CID G14 (SPP), há necessidade de revisão processual na casuística dos vitimados pela poliomielite (sequela) agravada pela SPP, abrindo precedente analítico em relação aos requerimentos de aposentadoria precoces que antes eram indeferidos por não ser interpretada (a sequela e a SPP – degenerativa) como incapacitante.

Neste livro há um manual (tutorial breve) sobre as isenções tributárias e benefícios destinados aos sequelados pela poliomielite e os diagnosticados com a SPP. Por exemplo, há disponibilidade da isenção do IPVA para veículos novos e usados, assim como rodízio municipal.

Poliomielite e os “Anos de Chumbo” (Período da Ditadura militar 1964-1985)

Um mergulho às regiões abissais e mais sombrias da história do Brasil esbarra no Departamento de Ordem Política e Social – DOPS e Destacamento de Operações de Informação - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI).

O retorno desta pesquisa permanece em foco aos períodos Adhemar Pereira de Barros (médico e político brasileiro) e Emílio Garrastazu Médici (militar e político brasileiro).

O surgimento das vacinas contra a poliomielite no Brasil (campanhas voltadas à produção de resposta imunitária primária e secundária), a presença da milícia VAR-Palmares e a Copa de 1970 que reavivou o nacionalismo com o lema:

“Ninguém segura esse país” e a repentina evasão de Albert Sabin do Brasil mantém um vínculo histórico em resposta ao aumento nos casos de poliomielite (no Brasil), são destaques inclusos nesta obra.

No quesito imunização podemos sintetizar que as células detém capacidade de memória para reconhecer antígenos.

Por esta razão algumas doenças são adquiridas apenas uma vez na vida (exemplo: catapora). Neste caso a imunização efetiva corresponde a um agente infeccioso (vírus, bactérias, toxinas) atenuado que prepara o corpo para responder efetivamente a um ataque futuro, impedindo que a doença se instale, devido à sucessão e respectiva existência da chamada “memória vacinal” (resposta imunitária).

Multidisciplinaridade e tratamento

A sequela de poliomielite e o diagnóstico de síndrome pós-poliomielite necessita de tratamento/acompanhamento médico multidisciplinar, sendo realizada dieta apropriada e exercícios físicos personalizados e adequados devido à variação na escala de comprometimento físico (especificidade de comprometimento/sequela – leve/moderada/severa).

A fisioterapia respiratória (devido ao agravamento na respiração originária do comprometimento na formação da caixa torácica e implicação postural) deve ser adotada, assim como ginástica passiva e hidroterapia.

Canto coral ou impostação vocal é altamente recomendado para fortalecimento do diafragma, ajudando a combater a disfagia que compromete a deglutição (como a de ar – que pode acarretar aspiração ou pneumonias aspirativas), associado a exercícios da função motora da fala, incluindo os parâmetros de respiração, fonação, ressonância, articulação, prosódia e inteligibilidade da fala.

Cabe ao cirurgião dentista não apenas à estética, mas quanto ao desencadeamento de possíveis quadros clínicos como bruxismo ou má oclusão. Ambos podem acarretar dor e zumbido no ouvido, dor no pescoço, na mandíbula e nos músculos da face (moonface) por causa do esforço realizado pelos músculos da mastigação, estalos ao abrir e fechar a boca, alterações do sono, destruição e sangramento do tecido da gengiva, fadiga facial, ansiedade, estresse e tensão.

A ergonomia, medidas de correção postural, coletes de sustentação (para as mulheres soutiens de sustentação em “X”) são muito recomendados, valorizando o busto empregando conforto, coibindo desvios posturais e de marcha.

O uso de órteses e acessórios são recomendados para não sobrecarregar articulações sem tônus (principalmente os joelhos), sendo consultado médico sobre a possibilidade de miorrelaxantes.

O aconselhamento nutricional é para assegurar que o controle do peso seja incorporado como uma mudança permanente buscando determinar o grau de obesidade dos pacientes, adequando uma dieta equilibrada, baseada em conceitos práticos (pirâmide de alimentos), na tentativa de corrigir os erros alimentares, atingindo o equilíbrio, sendo este processo reeducação nutricional.

Outra questão a ser analisada no diagnóstico de SPP abordado é a fraqueza na musculatura abdominal que pode acarretar constipação, sendo combatida com dicas e medidas singelas como aumento de oleaginosas, fibras e sementes, água, elementos que facilitem a digestão e evacuação.

A importância dos psicólogos, coachs, psicoterapeutas, psicanalistas e terapeutas ocupacionais é sumamente necessária no tratamento. No diagnóstico de SPP, deve ser encaminhado para programas de reabilitação que envolve, além da assistência a problemas físicos, acompanhamento psicoterápico/psicossocial porque muitos fatores externos e tidos como “comuns” acarretam aumento da dor, seja por ansiedade, medo, cansaço, barulho excessivo, estafa de trabalho físico e mental (esgotamentos).

Calçados com tiras forradas para coibir o “pé equino”, saltos estáveis, sapatilhas que possibilitam aproximação e atrito do calcanhar sobre o piso, próteses de panturrilhas ou coxas (compensação/revestimento) são algumas dicas disponíveis.

A poliomielite não escolhe etnias ou camadas...

Mia Farrow, Abram H. Zimmerman (pai do cantor Bob Dylan), Boris Casoy, Frida Kalo foram algumas das biografias consultadas de vitimados pela poliomielite, destacando-se a biografia do filho do presidente Getúlio Vargas...

Terapias alternativas com gratuidade (via Sistema Único de Saúde – SUS)

Consulte: Ministério da Saúde - Portaria 849 de 27/03/2017

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece terapias alternativas, como meditação, arteterapia, reiki, musicoterapia, tratamento naturopático, tratamento osteopático e tratamento quiroprático, dentre outras.

O campo das práticas integrativas e complementares contempla sistemas médicos complexos e recursos terapêuticos, os quais são também denominados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de medicina tradicional e complementar.

Algumas terapias já eram oferecidas na categoria “práticas integrativas”, como práticas corporais em medicina tradicional chinesa, terapia comunitária, dança circular, ioga, oficina de massagem, auriculoterapia, massoterapia e tratamento termal.

De acordo com a OMS, terapia alternativa significa que ela é utilizada em substituição às práticas da medicina convencional, já a terapia complementar é utilizada em associação com a medicina convencional, e não para substituí-la. O termo “integrativa” é usado quando há associação da terapia médica convencional aos métodos complementares ou alternativos a partir de evidências científicas.

Tratando-se de doença de caráter progressivo, sem medicamento que possa interromper a sua progressão, SPP deve ser encarada como enfermidade para ser tratada com práticas integrativas e complementares.

Cura/regeneração pela fé (procedimentos adotados contra a poliomielite e seus efeitos/sequelas)

Por fim, neste livro há abordagem teológica enfatizando sob os credos abraâmicos o que pais, familiares, amigos e conhecidos procederam à época, antes da existência de uma vacina, locais muito remotos onde não havia tratamento acessível ou mesmo quando a imunização ou a medicina não alcançaram resultados satisfatórios.

Locais de tratamento, peregrinações, procedimentos, ritos e rituais empíricos praticados para neutralizar a ação do poliovírus e eventual mortificação do enfermo foram pesquisados com todos aqueles que um dia partiram em busca da cura das crianças sequeladas pela poliomielite.

A sala dos milagres (no santuário Nossa Senhora do Monte Serrat – Santos/SP), a Novena de Nossa Senhora de Lourdes, a imprecação e esconjuro de São Quirino (contra as paralisias) e as curas procedidas por Padre Pio de Pietrelcina são alguns destaques da liturgia.

A pesquisa também se aprofunda quanto à esconjuração do gênio que provoca paralisias (originário da antiga Pérsia – atual Irã), além de preces e esconjurações ancestrais (com ênfase aos povos luso-celtas, celtiberos, celtas, ibero-românicos - vinculados ao druidismo), cultos de stregheria para neutralizar os efeitos da enfermidade em voga foram abordados.

Consta análise e interpretação sob o prisma das Chaves Maiores de Salomão e Qaballah, aprofundando-se sob os processos de regeneração da mobilidade das articulações e recuperação de movimentos em membros. Na mesma esteira surge a aplicação do fogo ou raio verde (Mestre Hilarion) e uma listagem da música das esferas celestes, cadências musicais específicas para acionamento dos processos curativos e manifestação e fortalecimento da fé (no caso de ausência ou força é recomendado acionamento por indução).

O Livro de Ezequiel (na Torah Y'khizqel) é esmiuçado tanto na Torah quanto na Bíblia Sagrada, exatamente no Capítulo 37 (Bíblia - Vale dos Ossos Secos) são alguns dos destaques da liturgia protestante e judaica.

Conforme as revelações corânicas (Corão) a prática do respeito para com Deus, à conectividade/estreitamento (homem-Deus), o exercício da fé e o conceito da ruqyah (Ash-Sharia / Ash Shirkiyah) foram analisados. A primeira embasada sob os elementos corânicos, de forma fidedigna. A vertente da segunda agrega Shirk, associando outras divindades ou pessoas divinizadas a Deus, de forma que o mesmo procedimento acima descrito poderá ser integrado com outros tipos de procedimentos, afastando-se do Tawhid (em árabe, توحيد ) ou fé no “Deus Único”, como neste fragmento:

“Não existe uma doença que Deus tenha criado, exceto que Ele também criou seu tratamento/antídoto” - Sahih Al-Bukhari, são alguns dos destaques da liturgia islâmica.

No budismo a prática da benevolência e fraternidade é cristalina. A persistência dos pais, familiares, profissionais da saúde e até cuidadores(as) configuram os “bodhisattvas”.

No Capítulo 15 do Sutra do Lótus consta que o praticante da via do Bodhisattva não se contamina com as impurezas mundanas, e isso é como a Flor de Lótus que nasce no pântano e não se suja (persiste e supera). As impurezas do mundo são comparáveis à água do pântano, e esses bodhisattvas nascem e coabitam neste mundo. Os bodhisattvas “transmutam” as maldades, manifestando e irradiando o bem. É um estado de benevolência de querer salvar aos outros de seus sofrimentos. Portanto, benevolência neste caso, difere do conceito comumente interpretado como compaixão, sendo interpretado como temperança ou paciência agregada ao amor incondicional.

Por fim, sob o prisma nativo (indígena brasileiro) foram condensados procedimentos, ritos, rituais e benefícios de ervas curativas (destaque para a guaçatonga) aliados à naturopatia e medicina intuitiva e xamânica.

Todo este conteúdo você encontra em “Poliomielite: O Holocausto Silencioso no Brasil”, que sintetiza a memória da poliomielite no Brasil.

Confira...

¹ Overuse é um termo utilizado para designar o excesso de repetições em um determinado movimento, provocando microtraumas locais;

Características

Número de páginas 350
Edição 1 (2014)
Formato A5 (148x210)
Acabamento Brochura
Tipo de papel Offset 75g
Idioma Português

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Cássyo Rodrigues M. M.

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