O QUE SE ESCONDE NO COMPLEXO

A vida acontece sem nos pedir licença.

Como psicanalista há mais de 35 anos, Adriana Tanese Nogueira, acostumada desde jovem ao pensamento despreconceituoso e evolutivo que Silvia Montefoschi tão bem representou, não nega, racionaliza ou reprime qualquer conteúdo.

Este livro pretende concretizar em nível teórico o que ela compreendeu e realiza diariamente em sua prática existencial e profissional. Aqui está a base conceitual do que faz e as coordenadas para uma nova prática psicanalítica que pode ir tão longe quanto necessário no caminho do conhecimento e da evolução da consciência, que é a própria essência da psicanálise e da nossa vida.

A questão das vidas passadas está aparecendo com intensidade crescente no cenário psíquico. Uma psicanálise séria e competente deve levá-la em conta, assim como o estudo da psique. Aderir a uma abordagem racional, que fecha o pensamento em vez de permitir que ele se abra para o novo, é um subterfúgio que esconde o medo de abalar o conforto oferecido pelo conhecido. É assim que não se produz mais conhecimento, mas se recita um credo.

Como situar o trabalho terapêutico sobre vidas passadas no contexto da psicanálise, entendida como aquele método de conhecimento cujos principais expoentes são Freud, Jung e Silvia Montefoschi? É o que será exposto nas páginas deste livro, que começa com o texto de Jung, “Considerações gerais sobre a teoria dos complexos”, citado parágrafo por parágrafo e traduzido em uma linguagem acessível, da qual foram extraídas as conclusões implícitas nas palavras de Jung que nos levam às vidas passadas.

As vivências que surgem dentro de nós exigem uma resposta coerente e significativa à nossa vida (e aos nossos problemas). Podemos até dissimular, mas sejamos honestos, pois queremos entender. Diante do que nos convida ou desafia, temos três opções possíveis: fugir, fingir ou enfrentar. A psicanálise nasceu da terceira opção: é uma reflexão metodologicamente coerente sobre a experiência subjetiva humana. É preciso a disposição do aprendiz que está preparado para questionar o conhecimento anterior a fim de renová-lo, mesmo ao custo de uma revolução interior.

Foi o que Adriana fez.

Surgiu uma experiência e, com ela, o desejo de entender. E a autora chegou às vidas anteriores.

Não as procurou, nem as explorou para fazer turismo. Elas caíram em seu colo, por assim dizer, começando com o sonho que teve em junho de 1999. O conhecimento que surgiu nesses mais de vinte anos de estudo foi estruturado em diferentes níveis de profundidade, nuances e horizontes. Adriana fez descobertas incríveis que seu amor pelo conhecimento levou a articular de forma lógica e racional para integrá-las coerentemente em sua jornada intelectual.