Esse Grande Marketing da Felicidade é uma espécie de um organismo vivo, que age de forma anestésica, anódina, nos fazendo acreditar que somos participes de uma certa democracia que respeita e compreende cada individualidade, mas não passa de uma palavrinha da moda, proliferada nesses discursos de “livre-arbítrio”. Somos meros imbecis ludibriados, que mordermos esse ossinho chamado “democracia”, como um cachorrinho mastigando feliz seu ossinho, e ainda abanando o rabinho. Mordendo esse “ossinho”, acreditamos estar exercendo nossos direitos constitucionais. Na verdade somos tiranizados subliminarmente, de forma sutil, discreta. Esse déspota, essa “Coréia do norte Ocidental”, não precisa usar uma metralhadora para nos ameaçar. Usa a própria democracia, essa metralhadora com silenciador, que atira para todas as áreas da vida pessoal, sentimental e profissional. Somos metralhados silenciosamente quando não temos um celular de última geração, quando não temos o carro do momento, quando não usamos uma roupa de grife, quando não temos uma casa com certos móveis, quando não temos sucesso profissional e sentimental. Quando não participamos de certos meios sociais, quando não ouvimos certas músicas, assistimos certos programas, não comemos certas comidas, não lemos certos livros, não cremos em certas crenças, enfim, acho que você captou o espírito da coisa. Nada melhor do que citar o filme Matrix, filme que gosto muito por sinal, como exemplo para reforçar. Matrix é um mundo virtual, um grande software que recria um mundo perfeitamente “real”. E esse mundo atende a todos aos nossos cinco sentidos. Na Matrix, desfrutamos de toda a “realidade” e de toda a “liberdade” que nos oferecem e acreditamos desfrutar. Estando nela, tudo parece ser verdadeiro, legítimo. Mas na realidade, estamos adormecidos, anestesiados. Nada do que usufruímos ali é legítimo e verdadeiro, tudo é uma projeção, como as sombras da alegoria da caverna de Platão. Estamos, na verdade, paralisados, inertes, presos num sistema, pelo qual somos submetidos imperceptivelmente. Queremos entrar nessa Matrix criada pelo Grande Marketing da Felicidade. Queremos desesperadamente estarmos nela, por acharmos que ali está a “Grande Felicidade”. Ansiamos por esse tipo de ópio, por essa embriaguez, por este entorpecimento.
ISBN | 978-65-992-6365-1 |
Número de páginas | 177 |
Edição | 1 (2015) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Polen |
Idioma | Português |
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