Dos Socovões da Alma"
Dos socovões da alma... Um amigo, em um dia cinzento de inverno sul paraense, ou, para ser mais exato, um dia de inverno redencense, deu-me, ou melhor, me sugeriu este lindo título. Passados algum tempo ele novamente lembrou-me: e o livro? Não vai sair?
Realmente, caríssimo leitor, o tempo urge, mas é necessário que saibamos a hora certa, o momento adequado, o instante propício para lidarmos com ele. E este momento em que me coloco à frente de ti, leitor, e o presenteio com este livro é o tempo aceitável para que o “...dos socovões da alma” saia, de fato, do plano das ideias e passe para a finitude da leitura.
Hoje, finalmente, posso dizer ao meu amigo que o livro está findo, que a ideia de título passou a concretude de livro.
Confesso, infinitas dúvidas pairaram em minha cabeça acerca do que eu pudesse querer com o livro (é bem provável que tu, leitor, me ache um tanto presunçoso quando digo: “do que eu pudesse querer com o livro”, pois isto soa um tanto egoístico).
Mas um livro de poesia é feito, primeiramente para o próprio deleite do poeta, depois é que o leitor toma conhecimento, toma gosto, ou, como em alguns casos, toma raiva e desprezo.
Portanto, caríssimo leitor, dentre as muitas dúvidas que fervilhavam em minha alma estavam: O que quero e posso fazer? Que estrutura poética darei? Que tipo de versificação?
Tudo isto, misturado ao caldo (próprio e conhecido) de minha inquietação existencial, deu no que deu... um livro que, além de palavras, fala do silêncio da vida, dos socovões da alma, de lugares menos explorados, menos conhecidos e, invariavelmente, menos requisitados.
Assim nasceu “...dos socovões da alma”, de uma brincadeira em uma tarde cinzenta de inverno. Um dia em que dois amigos, sem nada fazer, ou melhor, sem nada querer, na mais completa “ociosidade fraternal”, cúmplices no gosto e no trato poético, sem dar a menor importância à rudeza do tempo, escolheram olhar a vida passar pela janela dos dias. E, num rompante criativo, um ao outro disse: faz-se necessário que se crie algo que nasça da obscuridade que vem dos socovões da alma. E assim nasceu o livro, ou melhor, me foi sugerido uma hipotética gravidez.
E somente agora, caríssimo leitor, depois de quase um ano, o pari. Por isto hoje eu te conclamo, ou melhor, eu jogo sobre ti a responsabilidade de também criá-lo, de tê-lo como filho, de amamentá-lo com tuas conclusões, de acariciá-lo com tuas mãos, e por que não, de puni-lo (quando falo em punição, falo, naturalmente, de correção aceitável, e não de castigo cruel e desumano).
“...dos socovões da alma” nasceu, cresceu e foi posto ao mundo sob um único pretexto: de mostrar às pessoas que a vida é mais simples do que se supõe. Que a vida ainda tem coisas a deslumbrar. E, principalmente, que a alma é um esconderijo em que todos querem estar, em que todos querem conhecer, e da qual, todos querem falar. De bem ou de mal.
Neste livro eu procurei falar apenas das coisas boas, de recordo, das vivências, das esperanças do futuro e também dos cansaços do presente.
Cada um, eu, tu leitor, e tantos outros homens e mulheres que habitam esta baixa terra escolhem os amigos que tem, ou que querem ter. Não sei por onde anda, neste momento, o amigo que me deu o título deste livro. Não sei se escreve, se sonha, se ama ou se apenas usa do vitupério da vida para odiar os processos naturais da vida. O que sei é que ele fez morada em meu coração e deixou marcas indeléveis em minha alma.
O certo é que, desde que este amigo me deixou e foi “vadiar” (como ele costuma dizer) por algum canto deste mundo, ou melhor, para ser sincero e dar veracidade aos fatos, por algum canto do Tocantins, uma verdade perdurou em minha vida: uma pessoa, mesmo se conhecendo pouco acerca dela, pode nos completar de maneira inexplicável e imponderavelmente.
“...dos socovões da alma” nasceu de uma amizade e, doravante, transfiro a responsabilidade desta amizade a ti, leitor. Motivos têm, e de sobra, para querer conhecer (e entender) as razões contidas no livro. E, acaso ainda não tens, certamente encontrarás algum, mesmo que venha a perdê-lo logo ao findar a leitura do livro.
Eu, no decorrer da composição do livro tinha vários motivos. Uns, conservei, outros, deixei de lado. O mesmo peço a ti, afadigado leitor, encontre os teus, conserve alguns (se isto apraz a tua alma) e deite fora outros tantos.
A minha função de poeta é esta: escrever, dar temporariedade às ideias e substanciar o abstrato. Isto tem sido a minha sina: projetar limpidez, desenhar a obscuridade, deliberar inversões de sentido, convergir com o enigma e ser, naturalmente, um instrumento criativo nas mãos de Deus que a tudo criou.
“...dos socovões da alma”, ao menos a mim, foi, é e será desejável. Foi-me uma grande ousadia compô-lo. Havia um complô diário em não criá-lo. Mas, enfim nasceu, ou melhor, arrebentou. Quem nasce como ele nasceu, não nasce, arrebenta. Enfim foi germinado (arrebentado) no grande (e quase insondável) solo da alma humana. Não sei se ele gerará filhos, mas já deixou em minha alma uma sinfonia de vida.
O autor
ISBN | 978-1979203531 |
Número de páginas | 100 |
Edição | 1 (2017) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 75g |
Idioma | Português |
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