A perda. Toda a sua monstruosa subtração. Deus e a sua monumental cagada! A Sua inquietação de querer nos testar. De ter-nos ao Seu alcance nem que seja pela vertente do ódio. Ele e a Sua desgastante falta do que fazer. O Seu apelo à Sua criação, que O crie, que O vigie, que Lhe dê parâmetros... Deus e a Sua infinita bondade oscilante, a Sua onipresença falha, as Suas providências duvidosas, o Seu tão bem organizado caos... O que fazer se somos descendentes de europeus; se sou ainda de uma família italiana cuja cultura cristã está enraizada por mais de dois milênios? Acreditar em Deus é loucura, não acreditar também! Respeito os ateus, mas suspeito da solidez de suas convicções. Racionalmente, eu já teria montado uma igreja pra mim, ou pelo menos insistiria mais em me tornar um funcionário público. Por mais que eu já tenha tentado enxergar desta ou daquela maneira, não aceito a morte da minha esposa. “Dor Inafiançável” é o dedo na cara dos ingratos, é a minha queda de braço com a fé, é uma tentativa de juntar-me os pedaços... É tudo que uma temperança visceral ordenou que não fosse dito na hora, para que no mínimo se encurtasse toda decepção, toda desorientação, toda estupidez... E que está aqui documentado como uma promissória preenchida pelo horror para que realmente fique claro quem é o vagabundo!
“Dor Inafiançável” tem uma seqüência alfabética e não cronológica, foi criado diretamente no computador, ou pelo menos ainda não tem nada preto no branco que o sustente. A escrita ganha limpidez e ao mesmo tempo escuridão. Nada mais sombrio do que uma memória digital. Peca por não ter uma linha mestra construída talvez. Escrito entre os anos de 2010 a 2013, a época mais dura da minha vida.
Número de páginas | 435 |
Edição | 1 (2013) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 75g |
Idioma | Português |
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