A opção de Lula, pelo menos de momento, é evitar a polarização ideológica e, em vez disso, recordar os bons tempos durante o seu governo, quando a economia estava a crescer, o Brasil era respeitado em todo o mundo e até os pobres podiam dar-se ao luxo de comer lombo de porco e picanha aos domingos (uma das metáforas preferidas do ex-presidente). Para resolver os problemas do Brasil, ele gosta de repetir nos seus discursos, seria necessário "colocar os pobres no orçamento do governo e os ricos na declaração de impostos". Tal como em 2002 - quando foi eleito presidente pela primeira vez, deixando a imagem do radicalismo que o tinha prejudicado nas três eleições anteriores - o antigo sindicalista está agora tentando construir o maior número possível de alianças e restabelecer a ligação com os setores políticos e econômicos que contribuíram para a sua prisão e para o golpe parlamentar contra Dilma.
Em novembro de 2021, fontes próximas do líder do PT começaram a divulgar notícias sobre a possível eleição do ex-governador do estado de São Paulo Geraldo Alckmin como candidato à vice-presidência. Alckmin foi um dos principais dirigentes da PSDB de Cardoso e foi derrotado nas eleições presidenciais de 2006 e 2018. Alckmin é um político neoliberal sobre questões económicas, ligado ao Opus Dei, conservador em relação aos direitos individuais e um opositor histórico do PT. A sua inclusão no binômio seria um sinal claro de desanuviamento dirigido às elites do país, mas não responde a uma questão-chave: se a política de conciliação permanente seguida pelos governos de Lula e (em menor medida) de Dilma acabou numa sentença de prisão e impeachment, respectivamente, por que razão o resultado seria diferente desta vez?
Número de páginas | 128 |
Edição | 1 (2022) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Tipo de papel | Offset 75g |
Idioma | Português |
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