PREFÁCIO
Em seu belo livro, “A imensidão do Nada, ” Te Maria nos brinda com um epitáfio escrito com sangue sobre a prata...
Há nele “Um Poeta” que vaga em transe, em desassossego, caminhando entre trevas e abismos, a luz vez por outra surge, mas em forma profana, como musa de Apolo, sem metafisica...sem enganos, em profundo silêncio funeral. A única verdade absoluta é a poesia perfeita, que o poeta busca e sabe que pode voltar ao pó sem escrevê-la, sem realizar o quase impossível - ver a face de Deus.
As pegadas que ela deixa na poeira do nada são fragmentos de outro caos, são ecos de Virgílio e acenos de Beatriz. Contudo, quem terá o dom de enxergar tamanha beleza, que se materializa apenas aos olhos dos iluminados? Eis a poesia da angústia Sartriana, do desengano da Tabacaria, e do quase humano e desumano Super-homem de Nietzsche.
Reconheceremos outras sombras, se formos atentos vagarosos amante da beleza, veremos outros adornos e tons sutis, quase invisíveis, como um resvalar no inferno de Rimbaud. Todavia, Dante representa a busca pela perfeição poética já citada, talvez o mais indelével traço seja mesmo o de Pessoa, com suas tantas formas cruéis de nos mostrar os abismos onde reside o nada que somos.
(...) Venho de instantes mudos
Quase fúnebres
Daqueles quando fechamos a porta
Penetramos nossas escuras e estreitas cavernas
Venho como quem vem perdida
Em segredos calabrosos
Tateando rastros dispersos
Escavando subúrbios da alma. (...)
Mas onde está a luz na Imensidão do Nada? Visto que a poesia não deve ser só trevas nem desconstrução, pois mesmo pessimistas, amamos a vida e encontramos razão para festejar, isso acontece quando pintamos aquarelas e sonhamos arco-íris, e até duvidamos dos que duvidam que amor seja possível!
(...). Fiquei noite
Sombra insana,
Perdida em desumanidades
Assombração de minha masmorra
Mas o meu duplo
Em desdobraduras se refez
E pintou em cores minha face aberta
Deixou-me livre
Cheia de amores
Com o coração sereno
E a alma leve
Por diligências de obstinação e zelo
Envidou-me a vida
Toda luz, Fortuna e graça
No mais humano que há em mim. (...)
Então concluímos que a beleza para o poeta habita na contradição e no medo, que ele tem em reconhecer sua divindade, e que o caos protagonizado pelo ceticismo inteligente dos grandes espíritos da poesia não são absolutos em suas teses, pois é fato que todos eles acreditavam na santidade de suas musas. Dessa forma os demônios inventados somem quando a poesia perfeita aprece despois do crepúsculo da maturidade. Assim vejo essa imensidão de beleza que é o livro de Te maria.
Evan do Carmo
Brasília-DF 06/07/2019
Número de páginas | 138 |
Edição | 1 (2019) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 75g |
Idioma | Português |
Tem algo a reclamar sobre este livro? Envie um email para atendimento@clubedeautores.com.br
Faça o login deixe o seu comentário sobre o livro.