Entre fevereiro e julho de 2011, um grupo heterogêneo de pessoas interessadas em escrever participou de um projeto sócio-cultural-educativo inovador, centralizado no Ponto de Cultura Laboratório de Poéticas, em Diadema, na Grande São Paulo. Entre os participantes, um metalúrgico aposentado poeta, pessoas compromissadas com ações sociais, professores da rede pública, estudantes, jornalistas – praticamente todos ligados ao Jornalismo Literário -, funcionários públicos, uma jovem de 17 anos, uma senhora já na faixa da sétima venerável década de existência, gente que lida profissionalmente com o texto, gente que apenas brinca com a palavra por gosto, educadores do ensino superior, moradores da região e outros, residentes em outras partes do país que puderam participar também online, alguns curiosos paraquedistas e muitos empenhados a sério, blogueiros vários, mais poetas independentes, amantes da literatura ou pelo menos do bom texto, todos.
O projeto conquistou um dos Prêmios Interações Estéticas – Residências Artísticas em Pontos de Cultura 2010 da Funarte, em convênio com a Secretaria de Cidadania Cultural do Ministério da Cultura, viabilizando assim sua realização, oferecida gratuitamente aos selecionados.
Mais ou menos a cada 15 dias, durante esse tempo, e por um dia inteiro, aos sábados, mergulhavam de cabeça nas delícias e nos desafios do método Escrita Total de redação espontânea, guiados por seu próprio criador e idealizador do projeto, Edvaldo Pereira Lima, professor da Universidade de São Paulo, escritor, jornalista, referência nacional em Jornalismo Literário na área acadêmica, cofundador da ABJL - www.abjl.org.br -, autor de vários livros. O método, intuitivo e ao mesmo tempo sustentado em conceitos, técnicas e procedimentos transdisciplinares de vanguarda testados por Edvaldo com sucesso desde os anos 1990, com diferentes tipos de público, propõe a recuperação do prazer de escrever.
Munidos dos instrumentos do método, configurado em livro de mesmo nome, Escrita Total, publicado aqui no Clube de Autores, partiram para a ação, na parte prática do projeto. Incentivados e desafiados por Edvaldo, pesquisaram casos interessantes, centrados em pessoas de suas comunidades, associados direta ou indiretamente a um ou mais dos seguintes temas: sustentabilidade, superação e a arte de viver. Podiam empregar o que estavam aprendendo na produção de textos nos formatos poesia, narrativas de não ficção, conto ou ensaio pessoal.
O resultado é este livro, um convite ao prazer de ler, mas também uma abertura à reflexão – também narrativa e poética – ao que podemos fazer para reverter o jogo destrutivo no qual nossa civilização perigosamente se colocou. No meio do caos, é muito bom sabermos de muita gente boa que na simplicidade poderosa do coração e na dignidade silenciosamente impactante dos valores humanos mais nobres, aqui e ali vence desafios dramáticos, dá a volta por cima, faz coisas, por mais singelas, em prol da preservação da vida, a nossa e a de tudo que existe. E ainda por cima nos faz pensar com suas ações merecedoras do nosso reconhecimento agradecido. Pois, enfim, somos todos navegantes deste mesmo grande barco sideral chamado Terra.
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