Meu Mundo À Parte

Asperger

Por André Campos

Código do livro: 544957

Categorias

Saúde Mental, Psicologia Social, Desenvolvimental, Saúde E Fitness, Psicologia, Biografia e Testemunho

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Sinopse

Este volume ainda é dedicado às experiências da minha tenra infância, cuja narrativa deixará evidente os momentos vividos que contribuíram na construção de quem sou e de quem estou me tornando. Lembrando que somos construídos pela soma de ações que cometemos e das circunstâncias a que somos submetidos.

Apesar de um pouco mais alongada essa introdução é imprescindível para melhor compreensão do leitor acerca dessa obra. Procurei ser detalhista, mas não prolixo, não pule a introdução, pois é muito rica em informações elaboradas pelo autor e personagem autobiográfico, narrado, escrutinado e elucidado pela perspectiva da sua experiência de vida e estudos, que são em cada momento contextualizados neste volume.

Fica evidente neste texto que sofri algumas influências no desenvolvimento das relações interpessoais por intermédio dos meus primos mesmo inconscientes do TEA que sempre esteve presente na minha vida. Convivíamos como iguais em meio às diferenças, que da minha parte era algo que eu sentia, mas que equivocadamente acreditava que todos também percebiam o mundo da mesma forma que eu. Literalmente sempre me senti um “estranho no ninho”. Este convívio com meus primos principalmente na fazenda foram fatores determinantes para que eu me sentisse motivado a superar algumas dificuldades que sempre foram mais fortes do que eu, uma timidez muito desproporcional a toda e qualquer situação que envolvesse pessoas.

Hoje estou me tornando um atípico que passa quase despercebido em meio aos típicos, exceto nos momentos em que as estereotipias se manifestam e me fazem parecer estranho. A sinceridade e a mudança repentina de um assunto em roda de amigos para assuntos do meu hiperfoco ainda causam estranheza nas pessoas. Outro fator que ainda me causa constrangimento é a prosopagnosia que tenho em grau médio, pois não reconheço bem os semblantes das pessoas, e às vezes deixo de cumprimentar um ou outro conhecido porque os mesmos passam despercebidos por mim.

Às vezes me meto em conversas fora do meu contexto simplesmente porque ouço o diálogo alheio e tenho algum conhecimento de causa do assunto em questão, quando isso ocorre simplesmente me meto na conversa, exponho o que sei a respeito e saio bruscamente após explanar sobre o assunto em questão. Sei que isso soa estranho, porque várias pessoas já me disseram. Não faço por intromissão e nem é intencional, simplesmente a minha lógica é que se a conversa está ocorrendo dentro do meu campo audiovisual posso reagir ao assunto, caso o mesmo seja do meu interesse ou da minha área de conhecimento. Não entendo bem as regras de convívio social, as obedeço porque aprendo rápido, mas não são lógicas.

Outro fator de grande contribuição para minha evolução no comportamento social foi o convívio com os cavalos, vacas, cachorros, galinhas, cabras e porcos da fazenda. Hoje se utilizam muito desses animais, principalmente cavalos, em terapias para crianças dentro do espectro autista. Mas naquele tempo sem diagnóstico e sem consciência destas terapias, posso dizer que sou um afortunado. Nesta época nos EUA Temple Grandin já despontava no cenário Asperger como uma autista que vinha superando as limitações do autismo por se sobressair como uma autista de alto funcionamento (Aspeger), devido à sua capacidade incomum de observar o comportamento do gado e criar equipamentos e métodos mais eficazes no trato com gado de corte e leite. Ao ver o filme acerca da biografia da Temple Grandin, observei que tanto algumas comorbidades quanto a percepção super aguçada para assuntos do hiperfoco; ela assim como eu temos a capacidade de observar o mundo por uma perspectiva impar, singular (observem que o vício literário me impede de dar um único adjetivo às pessoas, coisas, ou situações que têm uma ênfase a mais na minha percepção. Por favor, tenham paciência com este escritor, estou me esforçando para fazer melhor, mas certos vícios literários ainda são mais fortes do que eu, bem mais fortes...).

Descrevo no texto a seguir de forma anacrônica ao volume um ao qual narro a fase dos meus três anos até cerca de nove anos de idade no cotidiano da minha cidade natal Nanuque - MG. Neste volume demonstrarei muita riqueza de detalhes, assim como são minuciosas as minhas recordações da infância, porém garanto a vocês que poderia descrever com muitos mais detalhes cada cenário ou situação à que estava inserido naqueles dias. No entanto, não o farei para que a leitura não se torne enfadonha e nem floreada demais, evito ser prolixo, prefiro ser pragmático, me sinto mais confortável indo direto ao ponto, mesmo percebendo detalhes imperceptíveis à maioria das pessoas, só darei a descrição suficiente para demonstrar o quão cheias de frescor são as lembranças na minha memória.

Também estou cuidando para que o volume dois não venha a exceder o número de páginas habitual estabelecido no volume um, pois quero causar no leitor uma curiosidade com o que está por vir, pretendo que seja de fácil entendimento tanto para especialistas quanto para leigos, e também empolgante para outros colegas do espectro, sem falar que desse modo posso comercializar uns volumes a mais (pessoal não lancem juízo de valor por estas declarações, eu avisei que sou verdadeiro, genuíno e transparente. Não dá para ser de outra forma, sou assim...).

Imaginem o que é estar numa mente atípica por um dia, um mês, um ano ou por toda a vida. Temos um banco de dados vasto e de fácil acesso, que nos permite processar respostas para situações através de pensamentos complexos e carregados de conexões e probabilidades incrivelmente incomuns. No entanto às vezes esta capacidade de processar informações nos causa alguns gargalos mentais. O problema não é ter que tomar decisões, a grade questão é lidar com situações as quais não compreendemos, e estas normalmente estão relacionadas ao convívio com pessoas novas. Haja vista que, depois de algum tempo, elas se tornam bem previsíveis aos nossos olhos, porém ao conhecê-las, logo no início, nos sentimos inseguros e perdidos. Entenda que para que um aspie se torne seguro em suas relações é necessária uma análise para estabelecimento de padrões de comportamento tais como: ação e reação, nível cultural, vocabulário e os gatilhos emocionais ao reagirem. Não que seja algo premeditado, mas o nosso modus operandi se dá dessa maneira: ao deparamos com algo novo é imprescindível criar uma série de parâmetros que nos proporcione a sensação de segurança no trato com pessoas ou situações novas. Sem tais recursos, entramos em estado de confusão mental, pois nossos pensamentos ficam “em profusão”, tentando entender o comportamento do outro.

Quando são pessoas que passam por nossas vidas e não teremos tempo de conhecer o seu funcionamento com propriedade, nem damos muita importância, tipo: “não vale a pena, é arriscado demais interagir no escuro com alguém a quem não teremos tempo de analisar o comportamento e nos adaptar. Vai que causamos um incidente de percurso com nossa sinceridade exacerbada?” (narrando no plural, falando por outros atípicos que se identificam com este pensamento). Preferimos o conforto do nosso silêncio e observação das minúcias. Observamos detalhes, mas nos expressamos objetivamente, exceto quando se trata do nosso hiperfoco do momento.

Agora convido a todos para submergir nos capítulos que trataram de recordações da minha infância na fazenda, entremeando a narrativa com a constatação da releitura que fiz das minhas recordações após o diagnóstico da Síndrome de Asperger.

Antes do diagnóstico as recordações da infância eram apenas lembranças que para mim eram bem comuns, com o diagnóstico pude perceber a síndrome em várias ações, episódios, reações e sentimentos que afloraram em mim. Percepção do tipo Onde está o Wally .

Acredite-me, tenho recordações das situações ocorridas há muito tempo, com muita riqueza de detalhes e lembro também quais sentimentos permearam a minha mente em cada uma destas situações. (Às vezes assisto a vídeos de preleções antigas que ministrei, e consigo me recordar do que pensei e senti no momento de cada fala).

Neste volume em especial, todo texto sugerindo duplo sentido, estará entre aspas (consigo citar varias expressões em duplo sentido, porque as aprendi durante a vida), mas nem todo aspie que estiver lendo vai ter a mesma facilidade, portanto, farei desta forma para facilitar a compreensão de todos.

Características

ISBN 9788591853328
Número de páginas 70
Edição 1 (2023)
Formato A5 (148x210)
Acabamento Brochura c/ orelha
Coloração Preto e branco
Tipo de papel Polen
Idioma Português

Tem algo a reclamar sobre este livro? Envie um email para atendimento@clubedeautores.com.br

André Campos

André Campos; nascido em 19/08/1979 natural de Nanuque – MG; brasileiro; é o Pastor fundador e presidente da Igreja Campos de Trigo, que teve início na cidade de Nanuque – MG, no ano de 2014. Casado desde 2007 com Viviane Trigo Gonçalves Costa, é pai de dois filhos, Blenda e Gabriel.

Foi ordenado Pastor pelo presidente do Conselho de Pastores na Igreja do Nazareno da cidade de Lages – SC, no ano de 2007. Convertido, treinado e discipulado no sul do Brasil, onde residiu do ano de 2001 até o ano de 2012. Participou da fundação de igrejas e conselhos de pastores local. Sempre engajado na obra do reino de Deus. Empresário do ramo de vendas onde adquiriu grande experiência no relacionamento com pessoas (mesmo com seu jeito aspie de ser), na gestão de recursos, treinamento, formação de líderes e mobilização estratégica de equipes. Bacharel em Teologia, Pós-graduado em Gestão Empresarial (Título de MBA em Gestão Empresarial), pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) no ano de 2008.

Nota do autor: Por volta do ano de 2018 diagnosticado tardiamente com o TEA (Transtorno do Espectro Autista), mais comumente conhecido como Síndrome de Asperger . Apesar de me enquadrar no espectro do autismo, o mesmo é qualificado como autismo leve. De modo que tenho perda cognitiva pouco relevante, no entanto, é mais difícil para relacionar-me com pessoas. Também não é tão simples para me comunicar com a desenvoltura de um neurotípico , mas me esforço, e mesmo de uma forma discretamente mecânica, vivo uma vida social satisfatória dentro do possível. Sofro com mudanças de ambientes e de rotinas, tenho hipersensibilidade às luzes fortes e aos sons mais agudos ou estridentes (Ex. tampas de panela caindo no chão). Alguns cheiros, mesmo os mais sutis para a maioria das pessoas, são inebriantes para mim, enquanto outros são nauseantes. Também tenho dificuldade em sair do hiperfoco de interesse, que varia de tempos em tempos. Alguns fatores que são limitadores para nós aspies, também podem ser considerados

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