Meditação em Teoria &Prática Vol. II

Meditações do Yoga, Tantra & Upaniṣads

Por Fernando Liguori

Código do livro: 194401

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Filosofia, Religião, Teologia, Filosofia / Religião, Mente & Corpo, Metodologia

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Sinopse

Neste volume nós trataremos da energia e suas manifestações. Para mudar algo nós temos que alterar a energia que o criou. Essa verdade é suportada pela prática do Yoga e pela tradição da Āyurveda. Para se provocar mudanças positivas no complexo corpo-mente temos de compreender a energia através da qual ele opera. Em sânscrito, essa energia é chamada de prāna, a energia primordial. Às vezes essa palavra é mal interpretada ou mal traduzida como força vital ou alento, mas prāṇa é muito mais do que isso.

Embora o tema prāṇa seja comum tanto na literatura yogī quanto na literatura ayurvédica, o prāṇa e suas diferentes manifestações raramente foram examinados em profundidade. Por esta razão, a vasta e profunda ciência do prāṇa também raramente foi compreendida. Neste volume, nos aprofundaremos na ciência dessa energia, pois o prāṇa é a principal conexão entre o Yoga e a Āyurveda.

Existe uma antiga história védica sobre o prāṇa presente em várias upaniṣads. As cinco principais faculdades de nossa natureza – a mente, a respiração (prāṇa), a fala, a audição e a visão – se ergueram umas contra as outras na intenção de saberem quem era a melhor e a mais importante. Isso reflete a nossa condição humana ordinária em que nossas faculdades não estão integradas, mas lutando umas contra as outras, competindo pelo governo de nossa atenção. Para resolver esta disputa, elas decidiram sair do corpo e deixá-lo padecer, a fim de verem qual delas era a mais importante e fazia mais falta.

Primeiro, a fala deixou o corpo, mas ele continuou seu caminho, embora mudo. Depois, o olho esquerdo. O corpo continuou, embora cego. Em seguida, o ouvido esquerdo e, da mesma maneira, o corpo continuou, embora escutando pouco. A próxima a deixar o corpo foi à mente e como anteriormente, ele continuou, embora inconsciente. Finalmente, o prāṇa começou a deixar o corpo e ele começou a morrer e todas as outras faculdades começaram a se enfraquecer. Então, todas as faculdades recorreram ao prāṇa, pedindo que ele permanecesse no corpo, regendo sua supremacia. O prāṇa, triunfante, acatou o pedido. Prāṇa dá energia a todas as nossas faculdades e sem ele elas não poderiam existir. Portanto, neste caminho de transformação o prāṇa é de importância fundamental pois sem ele não possuímos energia para fazer nada. A moral desta história é que para se controlar todas as nossas faculdades, a chave é o controle do prāṇa. Prāṇa é o mestre. Prāṇa é o chefe. Ele é o poder de Deus dentro de nós. Sem a sanção do prāṇa nada pode ser feito, seja em nível voluntário ou involuntário no complexo corpo-mente. A não ser que aprendamos como trabalhar com nosso prāṇa, não conseguiremos nada e não faremos nada em nosso sādhanā.

Prāṇa tem muitos níveis de significados e manifestações – da respiração a energia da consciência em si. Prāṇa não é somente a força de vida básica e inerente a todos os seres, ele é a fonte-mestra de onde toda energia opera nos níveis da mente, vida e corpo. Todo universo é manifestação do prāṇa, o poder criativo primordial. A kuṇḍalinī-śakti, o poder criativo interior, é a manifestação microcosmica da energia primordial e quando ela desperta, o prāṇa está disperto.

Em um nível cósmico, existem dois aspectos básicos do prāṇa. O primeiro é o aspecto não manifesto do prāṇa, a energia da consciência pura que transcende toda criação. O segundo é o prāṇa manifesto como a força da criação em si. Prāṇa ergue-se a partir da qualidade (guṇa) de rajas, a força ativa da natureza (prakṛti). Dos três guṇas, sattva ou harmonia sustenta a mente, rajas o prāṇa e tamas o corpo.

De fato, pode-se dizer que prakṛti (a natureza) é primordialmente constituída de prāṇa ou rajas. A natureza é uma energia ativa, uma śakti. Através do poder de atração do Ser ou Consciência Pura (puruṣa), essa energia se torna sattvíca. Pela inércia da ignorância, essa energia se torna tamásica.

Contudo, o puruṣa ou o Ser pode ser considerado o prāṇa não manifesto porque ele é uma forma de energia da consciência (devātma-śakti ou cita-śakti). Do prāṇa não manifesto de consciência pura é gerado o prāṇa da criação, através do qual todo o universo se manifesta. Do puruṣa-prāṇa imanifesto (energia da consciência pura) o prāṇa-prakṛti (energia da criação) se manifesta.

Relativo à nossa existência física, prāṇa ou energia vital é uma modificação do elemento ar, fundamentalmente o oxigênio que nos permite viver no plano físico. Assim como o ar se origina do éter ou espaço, o prāṇa surge do espaço e permanece intimamente conectado a ele. Aonde quer que haja espaço, energia ou prāṇa lá existe. Ar e espaço, energia e espaço e energia e a mente, que é um tipo de espaço, permanecem intimamente conectados e não podem ser separados.

O elemento ar está associado ao sentido do tato, que é o elemento sutil do ar. Tato é uma forma sutil de prāṇa. Através do tato nos sentimos vivos e podemos transmitir nossa força de vida aos outros; é por isso que o toque e o abraço são tão estimulantes. Mas enquanto o ar surge do espaço, tato surge do som, que é a qualidade sensitiva que corresponde ao elemento éter. Através do som nós despertamos e sentimos as conexões que se estendem com a vida como um todo. Em um nível sutil, o prāṇa surge das qualidades do tato e som que são inerentes a mente.

O prāṇamaya-kośa é a esfera das energias vitais. É uma camada ou invólucro mediador entre o corpo de alimento ou físico e as outras três camadas da mente (mente inferior, inteligência superior e mente interior), exercendo sua influência em todos os níveis. O nome ocidental para esta camada é corpo vital ou corpo astral. O prāṇamaya-kośa consiste de nossos desejos fundamentais de sobrevivência, reprodução, movimento e auto-expressão, estando conectado aos cinco órgãos motores (excretores, urogenitais, pés, mãos e cordas vocais).

A maioria de nós somos dominados pelo corpo vital e seus desejos mais fundamentais – tais como comer e reproduzir, que são animais em natureza – necessários para sustentar a vida. Através de sua conexão com o manomaya-kośa, o corpo astral mantém, expressa e agrega as vibrações do ego (ahaṃkāra), a fonte de vários medos, desejos e apegos que causam dor e sofrimento. Muitos de nós despendemos grandes quantidades de tempo na busca pela diversão através do corpo vital na forma de prazeres sensoriais e aquisições materiais. O corpo astral, como prāṇa, é dominado por rajas, seus desejos e paixões.

Uma pessoa com uma forte vitalidade natural se torna proeminente na vida e é capaz de deixar sua marca no mundo. Aqueles com uma fraca vitalidade natural não possuem poder para conquistar qualquer coisa e têm pouco efeito sobre a vida, usualmente permanecendo em posições subordinadas. Geralmente, pessoas com uma vitalidade egoísta movimentam o mundo, pessoas com uma vitalidade fraca vão atrás deles. Tal vitalidade egoísta é um dos maiores obstáculos no caminho espiritual. A pessoa se sente poderosa através da expressão de sua identidade egóica, não conseguindo se render a qualquer força superior ou impessoal.

Uma vitalidade ou prāṇamaya-kośa poderoso, no entanto, é importante para o caminho espiritual, mas isso é muito diferente de uma vitalidade egoísta orientada pelo desejo. Ele retira sua força não do poder pessoal, mas de sua entrega ao divino e a força de vida cósmica. Sem uma forte vitalidade espiritual, não temos poder para executar nossas práticas. Na mitologia hindu, este prāṇa superior é simbolizado por Hānuman, o deus-macaco, filho do Vento, que se entregou ao divino na forma de Sītā-Rāma. Hānuman tem o poder de se transformar no infinitamente pequeno e no infinitamente grande, pode superar todos os inimigos e obstáculos e operar milagres.

A saúde também depende de uma vitalidade forte, que sustente o corpo físico. Na Āyurveda, a saúde verdadeira é a vitalidade espiritualizada, não a vitalidade egoísta. É por isso que as medidas ayurvédicas de cura são baseadas sobre princípios sattvícos e a conexão e alinhamento com o Ser interior (ātman). Na verdade, é o objetivo da Āyurveda proporcionar saúde e conexão com o ātman. Possuir um ego saudável, por outro lado, um ego com muita vitalidade e força física, é o caminho certo e rápido para envolvimentos kármicos e o desenvolvimento de saṃskāras, o que é um dano para o crescimento espiritual.

Características

Número de páginas 251
Edição 1 (2015)
Formato A5 (148x210)
Acabamento Brochura c/ orelha
Coloração Preto e branco
Tipo de papel Offset 75g
Idioma Português

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Fale com o autor

Fernando Liguori

Meus respeitos a sua ancestralidade.

Vou me apresentar: meu nome é Táta Nganga Kamuxinzela e eu sou um «buscador» da espiritualidade. Eu tenho feito isso pelos meus últimos trinta anos. Por vinte anos estive inserido na cultura e filosofia thelêmica e fui instrutor da Astrum Argentum por um bom tempo, até me retirar dos trabalhos externos da Grande Ordem em 2017 e.v. Em 2001 e.v. fui iniciado na Ordo Templi Orientis (O.T.O.) pelo Califa em cargo do Ritual Minerval, Frater Sorath 666 (Carlos Raposo). Tenho mais de 20 títulos publicados nas áreas de Thelema, Qabalah Hermética, Tantrismo e Magia Sexual, Yoga e Āyurveda, todos disponíveis no site do Clube de Autores. Sou fardado no Santo Daime deste 1999, uma tradição ayahuasqueira brasileira.

Hoje me concentro na Quimbanda e todo o meu trabalho sacerdotal envolve o cosmos de Exu e Pombagira, os espíritos Ganga da feitiçaria tradicional brasileira. A página do meu sacerdócio é @covadecipriano, onde todo o conteúdo é concentrado na expansão do Reinado do Chefe Império Maioral.

Sou aprontado Táta-Nganga na Quimbanda Nàgô (Nação de Exu Gererê) e Alufá na Quimbanda Mussurumin (Nação de Exu Rei Kaminaloá) pelo Táta Nganga Melembu Mikunga wa Exu 7 Catacumbas, discípulo de Táta Nganga Kilumbu wa Exu Marabô (@quimbandamarabo). Sou iniciado na Kimbanda Malei (Nação de Exu Rei das Sete Encruzilhadas) por Táta Kilumbo, que hoje também cuida de minha espiritualidade na Quimbanda Nàgô e Quimbanda Mussurumim.

Sou iniciado em Iṣéṣé Làgbà, o Culto Tradicional Yorùbá (feito em Èṣú òrìṣà) e no Culto de Égúgún, onde respondo com o nome de Ojewale. Também sou iniciado em Ifá (família Ifatokun @ile_ase_ifatokun) com autorização de meu Awo para oracular por meio do Ọpẹlé Ifá e realizar Ẹbọ.

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