Mineiro gosta de um bom causo, dizem por aí e eu concordo. Mas o que é ainda mais gostoso é reunir amigos e familiares para ouvir e contar os tais bons causos. Foi também por isso que tomei como missão pessoal usar os causos do Coronel Toledo na minha dissertação do mestrado. Mais por amizade que por necessidade, visto que alguns daqueles causos eu já conhecia por vê-lo contar nas sempre muito agradáveis visitas a sua casa. Minha mãe, que morre de medo de cachorro logo pedia pra prenderem a Branca (Barcelos de Toledo, como ele dizia) e a Chica (Barcelos de Toledo também, é claro), para passarmos pelo jardim mais lindo - com orquídeas de todos os jeitos - e nos sentarmos na sala.
Por horas nós ficávamos ouvindo boas histórias. Prosa boa de gente melhor ainda. Numa dessas visitas ganhei a missão de ler Guimarães Rosa pela primeira vez: "quem quer estudar as Letras tem que ter lido um Guimarães Rosa inteirinho pelo menos uma vez", me disse o Coronel com um livro estendido na minha direção. Em outra fui apresentada à flor-de-Maio da crônica do Rubem Braga, que até então eu conhecia apenas nas letras. E em todas as visitas havia um momento em que os causos apareciam e não importava se eles já haviam sido contados, era sempre bom ouvir e reouvir.
Muito distante da conversa animada, a preparação de um texto como a dissertação é, por vezes, muito densa, mas eu passei por muitos bons momentos analisando esses causos. Muitas vezes me vi rindo sozinha pela terceira ou quarta vez, lendo algum deles. Tive muito apreço nas minhas análises porque queria que o Coronel sentisse que valeram a pena. Por isso carregarei para sempre a tristeza de não ter terminado a dissertação a tempo de deixá-lo ler.
Apesar disso, ele vive em cada causo, em cada visita a seu blog, em cada história contada ou lida. Vive em cada orquídea, em cada flor-de-Maio daquele jardim. O Coronel vive em cada um de nós, que fomos tocados por sua alegria - por vezes severa, por vezes doce. O Coronel vive em cada boa risada dada depois desses causos, colhidos sabiamente durante sua vida e preparados com carinho de quem gosta de contar histórias.
Mariana Fernandes
Número de páginas | 162 |
Edição | 1 (2018) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 90g |
Idioma | Português |
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