O dilema da dissidência ou traição
Antigos aliados de Lula que se afastaram do padrinho político, Eduardo Campos e Marina Silva adotam discurso que reconhece o legado do petista e de FHC mas que ataca Dilma Rousseff
Antigos aliados de Lula que se afastaram do padrinho político, Eduardo Campos e Marina Silva adotam discurso que reconhece o legado do petista e de FHC mas que ataca Dilma Rousseff
Na segunda-feira, Marina disse, no Recife, que a marca do governo Dilma é o “retrocesso”. O alvo é o afrouxamento das preocupações com o chamado tripé econômico, que garantiu a estabilidade durante os mandatos de Fernando Henrique Cardoso e Lula – sistema de metas da inflação, controle das contas públicas e câmbio flutuante.
Volta ao eixo
“Está cada vez mais claro que tanto Eduardo Campos quanto Marina vão insistir na tese de que a administração do país precisa voltar para o eixo, que eles na verdade representam uma soma do legado de PT e PSDB”, diz o cientista político Carlos Melo, do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), de São Paulo. A estratégia, por outro lado, já provoca reação entre os petistas.
“Nós todos somos parte de um mesmo projeto político. Como é que o Eduardo vai falar para o eleitor do Nordeste que mudou de lado depois do aporte astronômico de recursos feito pelos governos Dilma e Lula em Pernambuco?”, questiona o vice-presidente da Câmara dos Deputados, André Vargas (PT-PR). Segundo o petista, a boa avaliação de Campos como governador de Pernambuco não existiria se ele não contasse com aportes da União. “Eduardo Campos como candidato a presidente virou mais uma questão de modismo”, afirma.
A chegada do pernambucano ao governo contou com a participação direta de Lula. Então no terceiro mandato consecutivo como deputado federal, Campos assumiu em 2004 o Ministério de Ciência e Tecnologia. Ganhou notoriedade e, em 2006, elegeu-se pela primeira vez governador.
Em 2010, novamente apadrinhado pelo petista, venceu no primeiro turno com 82,42% dos votos válidos. Nos 18 meses em que participou do ministério, Campos teve como colega Marina Silva, ministra do Meio Ambiente entre 2003 e 2008. Filiada ao PT entre 1985 e 2009, ela foi senadora pelo Acre por dois mandatos (1995-2003 e 2003-2011).
Professor de Comunicação Política da Universidade Presbiteriana Mackenzie, de São Paulo, Roberto Gondo diz que, para o eleitor, a dissidência da dupla em relação ao PT não será difícil de ser assimilada. “Estrategicamente, parece tudo muito correto. Ainda há o apelo de que ele vai muito bem no Nordeste e ela tem uma boa entrada no Sul e no Sudeste”, avalia.
Sem rótulos
Vice-líder do governo Lula na Câmara durante oito anos, o deputado gaúcho Beto Albuquerque (PSB) nega qualquer hipótese de o partido aceitar o rótulo de “traidor”. “Nós estivemos com o Lula desde 1989, nas três derrotas e nas três vitórias. Agora, acho que temos condições de propormos um novo modelo, sem negarmos o que ficou de bom”, diz o parlamentar, principal articulador da campanha presidencial de Campos no Sul do país.
Para Albuquerque, a “militância consciente” do PT sabe que não será justo atacar a aliança Campos/Marina. “Eu já tenho 27 anos de PSB e posso dizer de cadeira que estaríamos traindo a política brasileira se passássemos a vida inteira pedindo votos para os outros.”
ISBN | 978-1495210259 |
Número de páginas | 163 |
Edição | 1 (2014) |
Formato | A5 (148x210) |
Acabamento | Brochura c/ orelha |
Coloração | Preto e branco |
Tipo de papel | Offset 75g |
Idioma | Português |
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